terça-feira, 2 de agosto de 2011

Das opções de vida

A minha chefe foi de vacaciones. Está a fazer o California Dream.

Todos os anos ela faz uma viagem grande e uma pequena. Isto quer dizer: uma grande em Agosto e uma pequena na Páscoa. E isto quer ainda dizer que entende pequena por ir a Cabo Verde, a Palma de Maioca, à Turquia, à Madeira, a Cuba,à Grécia...e por ai fora, e entende grande viagem por ir à Russia, ao Brasil, a NYC, à Argentina, ao Chile, a Maiami, a Las Vegas, e por ai fora.

Trabalho com ela desde 2007, e desde aí já foi 3 vezes à Madeira (e acho que já foi umas 10 vezes), 3 a Cabo Verde, à Turquia e Antalya, à Russia, a Palma de Maiorca, a Lanzarote, à Polónia, a Viena e Budapeste, e agora a Los Angeles, S. Francisco e Las Vegas.

Acho fantástico. A verdadeira turista.

Nunca se lhe conheceu nenhum namorado, vive sozinha, dedicada à familia. Está quase a reformar-se e diz que espera ter saúde para gozar a reforma com viagens.

Eu admiro-a, pela pessoa que é, pela competência, pela lealdade...é das pessoas mais correctas e justas que alguma vez conheci.

Por outro lado, não entendo bem a opção de vida...viajar, conhecer este mundo e o outro, mas...chega a casa e não tem com quem partilhar o dia-a-dia, não pode conversar sobre o que está a dar a TV, comentar uma noticia, falar sobre um filme, trocar impressões sobre o que fazer para o jantar, sobre as compras a fazer no supermercado...

Cada pessoa faz a opção de vida que melhor lhe parece, ou porque assim o prefere ou porque determinadas circunstâncias da vida assim o ditam, mas a mim esta não era uma opção de vida viável.

Gosto de estar sozinha, mas tenho muito medo da solidão. Daquela solidão de não ter ninguém para partilhar o meu dia-a-dia. Daquela solidão de não ter o conforto de um abraço. Daquela solidão de não ter um filho (de sangue ou não - porque mãe e pai são quem cria e dá amor). Daquela solidão de olhar em volta e ver que não resta ninguém da minha família. Daquela solidão de não ter quem me ligue no dia de aniversário nem que me cantem os parabéns. Daquela solidão de estar doente e não ter quem me leve um copo de água à cama, ou prepare o pequeno-almoço. E não falo em viver 10 anos sozinha. falo numa vida de 60, 70 ou 80 anos...Daquela solidão de cair da cama e não ter forças para me levantar e ficar áli a definhar dia após dia...

Tenho mesmo muito medo dessa solidão e não trocava uma "vida padrão" por todas as viagens pelo mundo.

5 comentários:

Sexy na Cidade disse...

e um dia, lá longe,se o amor n me bater á porta again, gostava de ter toda essa coragem, e dinheiro =)

mARIA

Kelle disse...

É por testemunhos destes que eu gostava de viver duas vidas em paralelo, uma de acordo com os padrões normais, com família, filhos e etc e uma outra de aventura, sozinha pelo mundo! Como não se pode ter tudo, tenta-se conciliar um pouco das duas :)

Candybabe disse...

Penso que é apenas uma questão de perspectiva... Apenas é feliz com outras coisas...
Adorava poder viajar assim!!!!
Kisses

Ana disse...

Já pensaste que ela pode apenas ser muito muito discreta no que diz respeito à vida pessoal? Eu digo isto porque, por exemplo, eu moro sozinha há mais de 10 anos e ninguém me vê com nenhum namorado, no entanto, a minha vida pessoal/sentimental/sexual existe e, pelo que vejo à minha volta, é bem mais preenchida que a de muitas pessoas casadas e etc., simplesmente eu resguardo-a muito bem resguardada e nem as pessoas que convivem diariamente comigo sabem com quem estou ou deixo de estar. Quando se mora sozinha é muito fácil ser-se discreta em relação a isso, porque é impossível alguém ter acesso a tudo o que fazemos ao longo do dia, da noite, fins-de-semana e etc.

Isto foi só um palpite, claro, porque tenho noção do quanto as pessoas, mesmo as mais próximas (amigos, colegas, família) podem não saber da nossa vida.

Vera disse...

Ana, ela é de facto discreta quanto à vida pessoal, no entanto ela é completamente dedicada à familia e actualmente tem a sobrinha deficiente a cargo dela para aliviar os pais que também passam por problemas de saude e já não vão para novos...Atenção que não estou a criticar...eu é que não trocava todas as viagens do mundo pela possiblidade de constituir a minha familia, com filhos biológicos ou não, pela possibilidade de ter um companheiro para a vida (ou grande parte dela)

beijoka