quarta-feira, 30 de março de 2011

45 minutos de Drenagem Linfática por dia

E agora que tenho 45 minutos por dia de puro relax deitada numa marquesa a fazer drenagem linfática eis que tenho tempinho para ir pondo a leitura em dia.

Este livro estava em atraso e agora todos os dias embarco numa viagem à Lisboa de outros tempos.

Posso dizer que adoro estes livros cheios de história que me levam para tempos e locais que admiro.


Enquanto Salazar Dormia...



Amaral, Domingos



1941 - enquanto a Europa é destruída pela guerra, Portugal é, aparentemente, um oásis para refugiados. Salazar, não querendo tomar nenhum partido no conflito, manda a sua polícia fechar os olhos, criando um campo de batalha entre espiões ingleses e alemães no nosso pacato país. Leitura obrigatória para quem quer saber como Portugal na realidade participou na II Guerra. Uma história recheada de factos reais contados por uma personagem imaginária, Jack Gil, filho de pai inglês e de mãe portuguesa, que nos vai arrastando para dentro da “belle époque” da Lisboa dos anos 40.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Acabadinho de chegar por mail

Há de tudo!!!...




Geração à Rasca (o outro lado...)


- Então, foste à manifestação da geração à rasca?

- Sim, claro.

- Quais foram os teus motivos?

- Acabei o curso e não arranjo emprego.

- E tens respondido a anúncios?

- Na realidade, não. Até porque de verão dá jeito: um gajo vai à praia, às esplanadas, as miúdas são giras e usam pouca roupa. Mas de inverno é uma chatice. Vê lá que ainda me sobra dinheiro da mesada que os meus pais me dão. Estou aborrecido.

- Bom, mas então por que não respondes a anúncios de emprego?

- Err...

- Certo. Mudando a agulha: felizmente não houve incidentes.

- É verdade, mas houve chatices.

- Então?

- Quando cheguei ao viaduto Duarte Pacheco já havia fila.

- Seguramente gente que ia para as Amoreiras.

- Nada disso. Jovens à rasca como eu. E gente menos jovem. Mas todos à rasca.

- Hum... E estacionaste onde? No parque Eduardo VII?

- Tás doido?! Um Audi TT cabrio dá muito nas vistas e aquela zona é manhosa. Não, tentei arranjar lugar no parque do Marquês. Mas estava cheio.

- Cheio de...?

- De carros de jovens à rasca como eu, claro. Que pergunta!

- E...?

- Estacionei no parque do El Corte Inglés. Pensei que se me despachasse cedo podia ir comprar umas coisinhas à loja gourmet.

- E apanhaste o metro.

- Nada disso. Estava em cima da hora e eu gosto de ser pontual.

Apanhei um táxi. Não sem alguma dificuldade, porque havia mais jovens à rasca atrasados.

- Ok. E chegaste à manif.

- Sim, e nem vais acreditar.

- Diz.

- Entrevistaram-me em directo para a televisão.

- Muito bom. O que disseste?

- Que era licenciado e estava no desemprego. Que estava farto de pagar para as reformas dos outros.

- Mas, se nunca trabalhaste, também não descontaste para a segurança social.

- Não? Pois... não sei.

- Deixa-me adivinhar: és licenciado em Estudos Marcianos.

- F***-se! És bruxo, tu?

- Palpite. E então, gritaste muito?

- Nada. Estive o tempo todo ao telemóvel com um amigo que estava na manif do Porto. E enquanto isso ia enviando mensagens para o Facebook e o Twitter pelo iPhone e o Blackberry.

- Mas isso não são aparelhinhos caros para quem está à rasca?

- São as armas da luta. A idade da pedra já lá vai.

- Bem visto.

- Quiriquiri-quiriquiri-qui! Quiriquiri-quiriquiri-qui!

- Calma, rapaz. Portanto despachaste-te cedo e ainda foste à loja gourmet.

- Uma merda! A luta é alegria, de forma que continuámos a lutar Chiado acima, direitos ao Bairro Alto. Felizmente uma amiga, que é muito previdente, tinha reservado mesa.

- Agora os tascos do Bairro aceitam reservas?

- Chamas tasco ao Pap'Açorda?

- Errr... E comeram bem?

- Sim, sim. A luta é cansativa, requer energia. Mas o pior foi o vinho. Aquele cabernet sauvignon escorregava...

- Não me digas que foste conduzir nesse estado.

- Não. Ainda era cedo. Nunca ouviste dizer que a luta continua? E continuou em direcção ao Lux. Fomos de táxi. Quatro em cada um, porque é preciso poupar guito para o verão. Ah... a praia, as esplanadas, as miúdas giras e com pouca roupa...

- Já não vou ao Lux há algum tempo, mas com a crise deve estar meio morto, não?

- Qual quê! Estava à pinha. Muita malta à rasca.

- E daí foste para casa.

- Não. Apanhei um táxi para um hotel. Quatro estrelas, que a vida não está para luxos.

- Bom, és um jovem consciente. Como tinhas bebido e...

- Hã?! Tu passas-te! A verdade é que conheci uma camarada de luta e...

bem... sabes como é.

- Resolveram fazer um plenário?

- Quê? Às vezes não te percebo.

- Costuma acontecer. E ficaram de ver-se?

- Ha! Ha! Ha! De ver-se, diz ele. Não estás a ver a cena. De manhã chegámos à conclusão que ela era bloquista e eu voto no Portas. Saiu porta fora. Acho que foi tomar o pequeno-almoço à Versailles.

- Tu tomaste o teu no hotel.

- Sim, mas mandei vir o room service, porque ainda estava meio ressacado.

- Depois pagaste e...

- A crédito, atenção. Com o cartão gold do Barclays.

- ... rumaste a casa.

- Sim, àquela hora a A5 não tinha trânsito. Já não havia malta à rasca a entupir o tráfego.

- Moras onde? Paço d'Arcos? Parede?

- Que horror! Não, não. Moro na Quinta da Marinha, numa casita modesta que os meus pais se vêem à rasca para pagar. Para a próxima levo-os comigo.

14 de Abril de 1985

Não sei de acontecimentos importantes no país neste dia...mas foi um dia importante na minha vida e na vida de toda a minha família.

Dia 14 de Abril de 1985 o meu pai, jovem de 22 anos, casado com uma filha bebé teve um acidente de mota que o deixou em estado de coma por alguns meses...

Lembro-me desse dia como se tivesse sido ontem...ele na cama e a minha mãe a correr ao telefone publico (do outro lado da rua) ligar o 115...

Aparentemente uma queda sem importancia (Os capacetes não sei se eram obrigatórios, mas naquele dia, como era um trajecto de 100 metros até casa ele levava-o pendurado no braço), levantou-se e foi para casa.

Já deitado começou a vomitar e a delirar...estava a entrar em coma...

Eu ainda dormia no berço ao lado da cama deles...

Lembro-me de pessoas a ajudar os bombeiros, lembro-me dos rotativos da ambulancia, dos bombeiros, do aparato...enfim...lembro-me do mais infimo pormenor daquele dia..apesar de não me recordar do nascimento da minha irmã 3 anos depois....

Lembro-me de todas as visitas ao Hopital dos Covões, de todas as visitas a Alcoitão...em 1985 não se chegava com a mesma facilidade a esses locais ainda para mais quando se vivia numa aldeia, quando carros só havia o de 1 tia...

Foram meses de sofrimento, teve de aprender tudo outra vez, falar, ler, escrever, andar, comer...tudo...

Em 2 anos ficou recuperado, mas com sequelas ao nível neurológico que o impediram de ter uma vida normal. É deficiente motor...não há fisioterapia que ajude, não há medicamentos que ajudem não há nada que cure...

E ontem fomos levantar a nossa mota...e sei que para os meus pais foi um grande choque...

E eu não tenho coragem sequer de a conduzir...Certo que acidentes podemos ter também de carro...eu confio no meu homem para me conduzir e nos proximos tempos viro motard (à pendura) para vir trabalhar.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A importância de perpétuar a espécie

Não que queira fazer nenhuma dissertação sobre o assunto...apenas tenho vindo a constatar que é mesmo importante ter filhos!!

Nos últimos anos tenho conhecido muitas pessoas que por opção não têm filhos. Pessoas de idades entre os 50 e os 70 que não quiseram ter filhos. São opções de vida é certo. Não condeno, mas ainda assim não compreendo.

E não compreendo porque é triste olhar para o lado a uma determinada altura da vida e não ter apoio de ninguém. Os familiares morrem, os maridos/esposas morrem e aí, se não existem filhos a pessoa fica completamente só no mundo.

Vivem uma vida dedicada ao cônjuge e nem tão pouco se lembram que um dia estarão completamente sós...Natal, aniversário, ocasiões especiais, no dia a dia, nos problemas quotidianos...não sei, faz-me alguma confusão...

Na doença, se não houver filhos o tratamento que a pessoa terá não será tão humanizado. Existem bons profissionais, mas a palavra de conforto de um familiar compensará todo e qualquer profissional 5 estrelas.

Na morte, não havendo filhos por mais que existam sobrinhos ou primos ou outros, jamais terão um sentimento e afinidade tão genuina como um filho (isto num normal contexto familiar).

E poderia dissertar muito mais sobre o assunto...

É que hoje deu-me para isto porque pessoas amigas à minha volta com toda a certeza vão terminar os seus dias sozinhas...porque além do núcleo familiar já ser, só por si reduzido, tomaram a opção de vida não ter filhos...e dou por mim a ter pena dessas pessoas que são boas pessoas demais para um dia mais tarde não terem ninguém que lhes dê amor e carinho...porque todos chegaremos a velhos...e um dia morreremos...é assim a lei da vida.

terça-feira, 22 de março de 2011

Das descobertas blogosféricas...

Acredito que existem mesmo boas pesoas, aquelas pessoas com bom coração, genuínas, verdadeiras.

E esta coisa da blogosfera faz-me descobrir pessoas dessas!

Não é necessário andar aos beijinhos e abraços diariamente,não são necessárias falsas modéstias, não é necessário andar com peneiras nem bajulações.

As pessoas com bom fundo reconhecem-se por vezes num simples comentário a um post sem importância...

E eu sou uma sortuda que tenho encontrado pessoas dessas.

A ninguém em geral e a todos no particular, OBRIGADA!

Decisões de PrimaVERA!!

Nada melhor que dias de sol para alegrar os espíritos mais emsombrados.

E nada melhor que dias de sol para tomar decisões que nos decidem parte do futuro.

Ora nós temos apenas um carro (carrinha a pensar no aumento familiar e na horta que nos abastece sempre que vamos de visita aos meus pais), que serve prefeitamente para nós enquanto casal que vive numa cidade pequena, que tem os mesmos horários e que não tem filhos.

No entanto, após a chegada de um filho os horários alteram-se naturalmente, e eu terei mesmo de adquirir o gosto (obrigação) de conduzir, coisinha que evito a todo o custo...

A pensar no aumento familiar (que não sei para quando será...mas será um dia destes...) e um pouco na nossa comodidade e na nossa carteira e enquanto vem e não vem a cegonha chegamos a conclusão que a aquisição de um novo meio de transporte será uma mais valia neste momento.

Desta feita, e como não se justifica mais um carro só porque sim, decidimos que uma mota seria perfeito.

É uma ideia que tem sido desenvolvida ao longo dos tempos, até que a descisão final chegou.

Já fizemos o test drive e a satisfação foi total.

Com o preço do gasóleo sempre a subir por vezes evitamos dar umas voltinhas ao fim de semana para que possamos ir mais vezes visitar a minha familia, mas achamos que ainda não somos escravos de nós próprios...

E o novo brinquedo vem a caminho!!!!!

sexta-feira, 18 de março de 2011

E pois que...

Pois que comecei com a fotodepilação para não me sentir tão Frida Kahlo.

E pois que aquilo não doi.

E pois que aquilo faz cheirar a porco queimado...

E pois que eu não gosto nada desse cheiro...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ide para um sítio que eu cá sei...

Para onde devemos mandar os nossos chefes quando eles revolvem que o trabalho que deveria ter sido feito em 3 meses (e que nós andamos a insistir para fazer desde Dezembro mas que nunca tivemos luz verde para isso) deve ser feito desde hoje as 14 horas até amanhã as 17?

Eu analiso da seguinte forma:
Pensamento deles (os chefes) - Antes que o Governo vá para o penico deixa lá apresentar obra feita, mandamos vir uns dinheiritos dos Fundos Comunitários e depois dizemos para terem em atenção que fizemos isto em tempo record para o superior interesse da instituição e do país.

E eu faço o tenho a fazer porque preciso do meu emprego, porque tenho brio profissional...mas...não consigo compactuar com pessoas corruptas...que se servem do Estado para que este sirva os seus interesses pessoais...

quinta-feira, 10 de março de 2011

É mais forte que eu...

quando recebo a noticia de uma nova gravida a conviver comigo diarimente...ainda por cima de uma tipa que me desiludiu demasiado...não consigo ficar indiferente...é mais forte que eu...neste caso nem é ficar verde de inveja...é ficar verde nem sei de quê...não é justo...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Normalidade volta depressa!!!

Após dias bem complicadinhos...talvez a normalidade regresse.

Quero acreditar que sim.

A minha mãe está optima, apesar de muitas complicações na operação, apesar de ter voltado a ser internada 2 dias depois. Foi um enorme susto...ninguém morre de gases...sim, gases...foi  disganóstico...porque o intestino está a encontrar nova posição...porque ainda não funciona a 100%. E vai daí...2 dias depois de ter saido do hospital começou a delirar, com cólicas...e barulhos na cabeça que ela insistia que eu devia ouvir também...a pressão dos gases fazia dela um ser completamente descontrolado.

O olhar vazio até ao infinito, o ritmo cardiaco bastante acelerado, o corpo gelado...temi o pior...

Testei ao máximo os pneus do carro do meu pai (que não me deixaram ficar mal a 200km/h atrás do Inem) e depois de uma noite não dormida nas urgências o diagnóstico às 11 da manhã foi...gases...que felizmente passaram e não causaram danos maiores.

Voltei para minha casa. São sentimentos estranhos...a casa dos pais será sempre a nossa casa, onde nos sentimos protegidos, onde os nossos problemas desaparecem, onde estamos seguros de nós próprios, onde somos sempre crianças, onde nos vem à memórias episódios das nossa infância/adolescencia que julgavamos para sempre perdidos na nossa memória.

Adoro a minha casa, amo o meu marido, mas esta semana em casa dos meus pais...fez-me balançar e ter cada vez mais a certeza que é aquele o meu lugar, proximo da minha família, proximo das minhas raizes.

Claro que o meu marido é muito mais ponderado que eu e obvio que não podemos deixar tudo o que temos para traz assim de um dia para o outro...empregos muito estáveis nos dias de hoje são uma raridade ainda para mais nos jovens adultos como nós.Mas quero viver na ilusão que vamos conseguir mudar de cidade com as mesmas regalias ou melhores que temos actualmente, nem que seja daqui a 10 anos! Tenho conseguido alcançar tudo aquilo a que me proponho. Porque razão haveria de ser diferente agora...?

Enquanto lá estive voltei a sentir o sabor da infância, o aconchego da famíla...coisa que infelizmente o meu marido não conhece...tenho pena por ele...foi um menino rico, mimado, com todos os bens materiais que se podem dar...teve este mundo e o outro em termos materiais. Mas faltou-lhe o amor incondicional da família...a atenção dos pais, a transmissão de alguns valores importantes...que agora ele sente falta e esforça-se por receber...não da familia dele mas da minha...

Li a agenda do meu avô. Frases simples com letra arcaica...:
Hoje choveu.
Estava muito frio.
Semeei as alfaces para a Vera.
Comprei um saco de milho para as galinhas.
A Vera veio cá.
A Vanda comprou o carro.
Fomos a Fátima.
Dei um saco de batatas à Sónia.
Nasceu o João.
...
...
...

A vida dele resumida de forma tão simples, dia após dia...

A ultima entrada da agenda:
17/01/2011
Fui comprar o casaco. Custou 59€.

As saudade do meu avô corroem-me a alma....lamento ter vindo para longe, não ter passado mais tempo com ele nos ultimos 11 anos...A vida é mesmo assim...mas cada vez mais tenho a certeza que não quero viver/morrer longe da minha familia.