Depois de 5 meses de árduo treino, kms e kms feitos em cima de uma bicicleta, quer dentro de casa, quer ao sol, ao frio e à chuva...
Depois de tanto investimento físico e financeiro, em material para a bike, em alimentação mais específica, em equipamentos xpto, em dezenas de lavagens de equipamentos imundos...
Depois de sacrificar a nossa vida a dois, porque tinha de treinar, porque tinha combinado um treino às milhentas da noite, porque havia que preparar a bike que tinha ficado um pouco combalida de um treino mais intenso...
Eis que chega o dia da maratona. 100kms em BTT. Muito duros, pela serra, com altimetria bastante inclinada, com subidas de 11%...enfim...mesmo duro.
E eu toda inchada de orgulho porque o meu homem treinou bastante mais do que nos anos anteriores. Se nos outros anos sempre terminou com boa classificação a expectativa para este ano era alta. Muito alta.
E eu tinha a certeza que ele ia conseguir, pois a preparação foi boa, ele estava em forma. E ele também tinha a certeza que ia conseguir, que ia ficar 100 lugares a frente do que ficou no ano passado. Para uma prova com 3000 participantes o objectivo dele era ficar nos primeiros 600.
E a prova começou. E dei-lhe toda a força, toda a assistência possível. Mesmo com a chuva que me molhou até aos ossos, eu estava lá com ele.
E 63kms volvidos...uma descida banstante acentuada...uma grande queda deixou-o arranhado, negro, durido e com a bike toda partida...mas pior, deixou-o frustrado e sem vontade de voltar a treinar, de voltar a fazer uma maratona...
Se eu fiquei frustrada com a impossibilidade dele continuar, não pela impossibilidade fisica mas pela impossibilidade material, nem consigo pôr-me no lugar dele...a frustração deve ser de tal forma grande e dificil de gerir. Sinto-o triste, desiludido, desanimado...nem vontade de arranjar a bicicleta ele tem...
Eu sei que ele faz um esforço para que a frustração não o impeça de continuar a vida normal, mas também sei que lhe está a ser dificil. E fico frustrada por não conseguir "ajudar" o homem que amo a ultrapassar isto.
Existe algum manual de gestão de frustrações? Se sim onde poderei arranjar um exemplar?
Graças a Deus que não se magoou a sério, não partiu nada nem ficou com lesões de maior...nem consigo imaginar a dor da familia do Wouter Weyland, o ciclista que morreu na sequência de uma queda no Giro de Itália...e soltei algumas lágrimas por ter o meu JP vivo e com saúde,mesmo durido, arranhado e todo negro.
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