Receber uma herança pode ser uma experiência terrível.
A leitura de um testamento ou a realização de partilhas entre irmãos pode significar desavenças, conflitos e descobertas...descobre-se a verdadeira essência do bicho homem.
E na minha família,aquando a leitura do testamento do meu avô materno (homem que enriqueceu pelo contrabando de bacalhau em tempo de guerra e que após isso consegui gastar todo o dinheiro em vinho e putas, e ainda utilizava notas como papel higiénico) em 1989, instalou-se a verdadeira confusão pela disputa de uma casa apalaçada e algumas terras.
A casa ficou para a minha mãe, irmã mais nova que ali sempre viveu e que cuidou do meu avô até à sua morte. As terras seriam a dividir pelos 4 irmãos. Não aceitaram, mas como foi redigido testamento em vida que remédio teriam, embora a minha mãe tivesse de dar tornas aos irmãos pelo valor patrimonial da casa ser substancialmente maior. Assim foi.
A minha mãe, em 1989 era uma mulher de 35 anos com duas filhas pequenas e um marido de 35 anos reformado por invalidez...e ainda tinha de dar tornas aos irmãos...no valor de 5000 contos (uma fortuna). Mas deu, com mais ou menos dificuldade, com muito trabalho e sacrifício da parte dela lá conseguiu pagar aos irmãos, que lhe viraram as costas e apenas queriam era o dinheiro.
Os anos passaram e os atritos familiares lá se desvaneceram...
A minha mãe vendeu a casa em 1998 porque na altura não precisávamos de uma casa apalaçada que se ia degradando cada vez mais. Precisávamos sim de dinheiro, liquidez...eu estava a entrar para o secundário e a minha irmã para o ciclo. E após a venda da casa os irmãos voltaram a aproximar-se. Cada um dos outros com o seu terreno e a minha mãe...sem a casa, mas com dinheiro para conseguir sustentar a família.
Agora com o falecimento do meu avô paterno, houve necessidade de regularizar as partilhas pois a minha avó é herdeira. E a história repete-se...
Este meu avô era oriundo de famílias ricas, com terrenos e outros bens. E junto com os terrenos da família da minha avó conseguiram ter uma vida algo desafogada financeiramente, ainda que ensombrada pelo flagelo do álcool. O meu avô foi durante muito tempo produtor de vinho, e claro está...
Também foi produtor de azeite e fornecedor de pêras, maças, e pêssegos para a cooperativa. Isto para além de ter sempre batatas, feijão, etc...Foram sempre quase auto-suficientes no que produziam. E isto gerava dinheiro, muito dinheiro, que se gastava...em álcool e putas (tal como o avô materno).
Mas as terras lá foram ficando, bem como a casa onde ainda vive a minha avó.
Agora houve então a necessidade das partilhas, e como a irmã mais velha do meu pai já tinha recebido quando casou um terreno onde veio a construir a casa dela sempre disse que já não queria mais nada. Que o restante património fosse dividido pelos irmãos.
Assim existem 2 grandes terrenos e a casa que se divide em 2 partes, a casa propriamente dita e uns anexos (onde o meu pai construiu uma pequena oficina de bricolage para estar distraído),uma adega e outro anexo com um poço.
E em conversas ao longo dos anos sempre ficou definido que a casa e um dos terrenos ficava com a irmã do meio e o anexo da casa e o outro terreno ficaria para o meu pai. E como legalmente a casa ainda não pode ser herdada porque a minha avó é viva e para simplificar o processo na conservatória a minha avó resolveu passar já para o nome do meu pai o terreno que lhe pertence e o anexo da casa, uma vez que não é habitação e não é essencial à sobrevivencia dela. A casa e o outro terreno ficariam legalmente como forma de assegurar a sobrevivencia da minha avó e aquando do falecimento dela passaria-se então para o nome da irmã do meio.
Mas a irmã do meio, tia que eu adoro do coração, acha que está a sair prejudicada. Que já todos os irmãos têm a sua parte e ela mais uma vez está a ser discriminada...como alega que foi toda a vida...
Enfim..a minha avó está de rastos...ficou mais perturbada com esta situação do que com a morte do meu avô..Ela não merecia isto...
E em conversa franca com a minha irmã lá acordamos que jamais nos zangaríamos pelos motivos parvos de heranças e partilhas.
Mais uma vez se prova que o dinheiro não é sinónimo de felicidade..
Os anos passaram e os atritos familiares lá se desvaneceram...
A minha mãe vendeu a casa em 1998 porque na altura não precisávamos de uma casa apalaçada que se ia degradando cada vez mais. Precisávamos sim de dinheiro, liquidez...eu estava a entrar para o secundário e a minha irmã para o ciclo. E após a venda da casa os irmãos voltaram a aproximar-se. Cada um dos outros com o seu terreno e a minha mãe...sem a casa, mas com dinheiro para conseguir sustentar a família.
Agora com o falecimento do meu avô paterno, houve necessidade de regularizar as partilhas pois a minha avó é herdeira. E a história repete-se...
Este meu avô era oriundo de famílias ricas, com terrenos e outros bens. E junto com os terrenos da família da minha avó conseguiram ter uma vida algo desafogada financeiramente, ainda que ensombrada pelo flagelo do álcool. O meu avô foi durante muito tempo produtor de vinho, e claro está...
Também foi produtor de azeite e fornecedor de pêras, maças, e pêssegos para a cooperativa. Isto para além de ter sempre batatas, feijão, etc...Foram sempre quase auto-suficientes no que produziam. E isto gerava dinheiro, muito dinheiro, que se gastava...em álcool e putas (tal como o avô materno).
Mas as terras lá foram ficando, bem como a casa onde ainda vive a minha avó.
Agora houve então a necessidade das partilhas, e como a irmã mais velha do meu pai já tinha recebido quando casou um terreno onde veio a construir a casa dela sempre disse que já não queria mais nada. Que o restante património fosse dividido pelos irmãos.
Assim existem 2 grandes terrenos e a casa que se divide em 2 partes, a casa propriamente dita e uns anexos (onde o meu pai construiu uma pequena oficina de bricolage para estar distraído),uma adega e outro anexo com um poço.
E em conversas ao longo dos anos sempre ficou definido que a casa e um dos terrenos ficava com a irmã do meio e o anexo da casa e o outro terreno ficaria para o meu pai. E como legalmente a casa ainda não pode ser herdada porque a minha avó é viva e para simplificar o processo na conservatória a minha avó resolveu passar já para o nome do meu pai o terreno que lhe pertence e o anexo da casa, uma vez que não é habitação e não é essencial à sobrevivencia dela. A casa e o outro terreno ficariam legalmente como forma de assegurar a sobrevivencia da minha avó e aquando do falecimento dela passaria-se então para o nome da irmã do meio.
Mas a irmã do meio, tia que eu adoro do coração, acha que está a sair prejudicada. Que já todos os irmãos têm a sua parte e ela mais uma vez está a ser discriminada...como alega que foi toda a vida...
Enfim..a minha avó está de rastos...ficou mais perturbada com esta situação do que com a morte do meu avô..Ela não merecia isto...
E em conversa franca com a minha irmã lá acordamos que jamais nos zangaríamos pelos motivos parvos de heranças e partilhas.
Mais uma vez se prova que o dinheiro não é sinónimo de felicidade..